Os incêndios florestais que devastam a região de Los Angeles, classificados pelo governo dos Estados Unidos como “os mais destrutivos” da história da Califórnia, continuam fora de controle em meio ao agravamento das condições climáticas. O número de vítimas fatais em decorrência desse desastre subiu para 10 nesta madrugada.

— As chamas destruíram todos os nossos sonhos. Perdemos praticamente tudo — lamentou William Gonzales em frente à sua residência, que agora se resume a cinzas, na localidade de Altadena, ao norte de Los Angeles.

A oeste da cidade, o incêndio que consumia o bairro luxuoso de Pacific Palisades, localizado entre Malibu e Santa Mônica, ainda estava incontrolável na tarde desta quinta-feira, mesmo com o apoio de helicópteros e a diminuição dos ventos fortes que intensificavam as chamas.

O fogo que devastou Altadena também não foi controlado, resultando na morte de cinco pessoas e na queima de mais de 4 mil hectares. Apesar disso, os bombeiros informaram que a propagação das chamas havia sido “consideravelmente freada” na noite anterior.

O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou que os incêndios florestais são os piores já registrados na Califórnia e prometeu recursos federais para auxiliar o estado no combate a essa crise.

Por outro lado, o presidente eleito, Donald Trump, responsabilizou o governador da Califórnia, Gavin Newsom, pela situação atual, acusando-o de “incompetência” na gestão dos incêndios e de falhas no gerenciamento dos recursos hídricos em meio à seca que afeta a costa oeste do país.

À medida que moradores e autoridades começaram a lidar com as consequências dessa tragédia, os nomes das vítimas foram divulgados. Entre elas estava Victor Shaw, de 66 anos, que ignorou as ordens de evacuação na região de Altadena, conforme relatou sua irmã.

— Quando voltei e gritei seu nome, ele não respondeu. Tive que sair porque as chamas estavam enormes e se espalhavam como uma tempestade de fogo — contou Shari Shaw.

Al Tanner, amigo da família, encontrou o corpo de Shaw em frente à casa dele, segurando uma mangueira nas mãos.

A intensidade das chamas foi tão alta que os recursos locais ficaram sobrecarregados. Hidrantes secaram durante o combate ao fogo e os bombeiros receberam apoio logístico de estados vizinhos.

Enquanto a luta contra as chamas prossegue, novas preocupações surgem. Cerca de 20 pessoas foram detidas por saques nas áreas evacuadas, segundo informou o xerife de Los Angeles, Robert Luna. “É inaceitável.”

O xerife confirmou hoje à tarde que 400 membros da Guarda Nacional da Califórnia serão mobilizados nas áreas afetadas.

Em Altadena, moradores formaram patrulhas para proteger o que restou dos seus bairros. Em Santa Mônica, foi instaurado um toque de recolher.

As chamas avançaram rapidamente devido a rajadas de vento que alcançavam até 160 km/h em condições extremas de seca e já destruíram mais de 2 mil construções, podendo causar mais vítimas segundo as autoridades.

Kalen Astoor, 36 anos e residente em Altadena, tentava compreender os destroços na vizinhança da mãe dela, de 76 anos. Embora sua casa ainda estivesse intacta, ela não conseguia parar de pensar no cenário devastador deixado pelo incêndio:

— É uma visão de morte e destruição.

— Altadena está arrasada — descreveu a deputada californiana Judy Chu a uma emissora local durante sua visita a um centro que abrigava mil moradores evacuados.

Cerca de 180.000 pessoas ainda estavam sob ordens de evacuação e as condições críticas de seca e vento persistiam segundo meteorologistas e autoridades locais.

— Os ventos continuam com proporções históricas. Isso é absolutamente sem precedentes — alertou a prefeita de Los Angeles, Karen Bass. Um “desenvolvimento significativo dos incêndios” é provável até esta sexta-feira (10), seja em focos atuais ou novos incêndios conforme os serviços meteorológicos.

Por outro lado, Hollywood teve um alívio: o incêndio nas colinas foi controlado e a ordem de evacuação foi suspensa na manhã desta quinta-feira.

Fonte: GZH